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Load do Metallica completa 25 anos; confira curiosidades e opiniões sobre o disco

Álbum lançado em 1996 é um dos mais polêmicos da banda

“Load”, o sexto álbum do Metallica, foi lançado no dia 4 de junho de 1996, cinco anos depois de “Black Album”. O trabalho chocou os fãs pelo direcionamento ainda mais pop que aquele apresentado no disco anterior e também pela mudança de visual apresentada pela banda.

O Metallica se distanciou do trash metal e flertou com estilos como hard rock, blues, country, southern rock e rock alternativo. Isso fica bastante claro nos singles que foram extraídos do trabalho como “Until It Sleeps”, “Hero of the Day”, “Mama Said”, “King Nothing” e “Bleeding Me”.

Apesar da polêmica, o disco fez um enorme sucesso, expandiu ainda mais o público da banda e ajudou manter a sua popularidade em alta. “Load” vendeu cerca de 12 milhões de cópias no mundo todo.

Para celebrar os 25 anos de seu lançamento, relembramos algumas curiosidades, fatos e opiniões dos integrantes do Metallica sobre o álbum. Confira!

James Hetfield desconfortável

James Hetfield disse em uma entrevista a Classic Rock (via Whiplash) que ficou desconfortável com a imagem da banda na época. “Lars e Kirk dirigiram essas gravações. Aquilo de ‘temos que re-inventar a nós mesmos’ estava na ordem do dia. Imagem não é algo ruim para mim, mas se a imagem não é você, então não faz muito sentido. Eu acredito que eles estavam atrás de um tipo de vibração ao estilo U2, Bono… Eu não poderia entrar nisso“.

O cantor, no entanto, disse que resolveu confiar na visão de Lars e Kirk. “Eu fui junto com essa coisa de maquiagem e todas as merdas loucas, estúpidas que eles sentiam que precisavam fazer”.

Os cortes de cabelo não foram planejados

Uma das coisas que mais irritaram os fãs na época foram os cortes de cabelos dos integrantes do Metallica. Entretanto, isso não foi algo planejado para o álbum. Em entrevista para a revista do fã clube da banda, a So What, em 2016, Lars Ulrich disse: “Eu me lembro de me ouvir e dizer umas cinco mil vezes, ‘Jason cortou o cabelo em 1993’. Não foi como se tivéssemos chamado a barbearia local de San Rafael falado ‘Podemos conseguir um quatro por um, por favor? Você sabe, entra e sai em uma hora, quatro caras, quinze minutos cada’. Lembro-me que isso se tornou uma das respostas padrão ou o que quer que seja nas viagens à imprensa“.

Sobre a polêmica Kirk Hammett comentou em entrevista certa vez (via Loudwire): “As pessoas sempre julgam você com base em observações superficiais, em vez de observações musicais”, disse o guitarrista.

“Eles buscam o menor denominador comum, que é o fato de que cortamos nosso cabelo. Fiquei bastante surpreso. Eu não acho que o Metallica se preocupa apenas em ter cabelo comprido. Eu pensei que era sobre criar música. Então, eu fiquei realmente chocado com toda a atenção que recebemos”, acrescentou.

25 anos de Load do Metallica
Ron Galella, Ltd./WireImage/Getty

Álbum subestimado

Em uma entrevista ao Vulture em 2020, Lars Ulrich foi questionado sobre qual trabalho ele considera mais subestimado e ele apontou “Load” e seu irmão gêmeo “Reload”.

“Os álbuns mais subestimados, ou seja, os menos apreciados, são ‘Load‘ e ‘Reload‘, então eu diria que estou bem com isso porque acho que esses são discos bastante decentes. Quando ouço músicas de qualquer um desses discos, fico muito feliz com o que ouço. Então isso significa que se as outras coisas ficam ao norte, então é um bom bar para se ter. Eu estou bem com isso. Acho que a resposta mais longa é, estou muito bem com qualquer coisa e qualquer maneira que as pessoas classifiquem qualquer uma das coisas que fizemos”.

Kirk Hammett fazendo bases de guitarra

A divisão sobre o papel de cada um sempre foi muito clara na banda: James Hetfield é o guitarrista base e o Kirk Hammett o guitarrista. Em “Load” essa regra não foi seguida a risca e Kirk acabou fazendo várias bases para as músicas do disco.

O guitarrista disse em entrevista a Guitar World na época do lançamento do álbum: “Na verdade, eu estava me sentindo muito constrangido com isso, porque não queria pisar na grama de James, mas ficou muito melhor do que eu pensava e adiciona uma ótima textura na mixagem” .

Na mesma entrevista James Hetfield afirmou: “Queríamos atingir um certo grau de folga com este álbum. A bateria está tão pesada como sempre, mas os vocais, e particularmente as guitarras, respiram muito mais. Em vez de eu tocar todas as guitarras-base e tentar dobrá-las o máximo possível, como fiz em nossos álbuns anteriores, Kirk e eu tocamos partes rítmicas contrastantes em quase todo o disco”.

Load inicialmente seria um álbum duplo

“Load” saiu 5 anos depois de “Black Album”, nesse período, a banda escreveu várias canções e a ideia era lançar um álbum duplo, mas depois decidiram dividi-lo em dois. A segunda parte, “Reload”, saiu no ano seguinte.

Na entrevista a Guitar World Hetfield disse: “Trabalhamos escrevendo as músicas por três ou quatro meses e continuamos indo e indo. Tínhamos muito material, coisas que havíamos acumulado em cinco anos sem escrever. Primeiro foi tipo, “Ok, vamos parar nas 20 músicas.” Então íamos e dizíamos: “Tudo bem, vamos parar no 30.” Era uma loucura pra caralho, cara. Todo esse material foi acumulado na estrada. Havia bolsas e mais fitas com riffs.”

Ele depois acrescentou: “Estávamos pensando em fazer um disco duplo, mas com o passar do tempo percebemos que não poderíamos enfrentar tudo de uma vez; estávamos com nove meses de gravação e nem sequer tínhamos terminado a metade das músicas. Foi muito difícil se concentrar, muito para engolir”.

Realod, irmão gêmeo de Load

As letras mais pessoais de James Hetfield

“Load” traz as letras mais pessoais e intimistas já escritas por James Hetfield. Na época ele contou como buscou inspiração na hora de compor:

“Tenho realmente focado nos letristas – ao contrário das pessoas que simplesmente se sentam e soltam algumas palavras para uma música – que escrevem poemas fodidos e então colocam música neles. Eu queria entender as idéias de outras pessoas sobre como escrever letras. Murder Ballads de Nick Cave são as mais legais, e eu gosto de todas as coisas de Tom Waits. Eu até ouvi alguns Leonard Cohen. Quer dizer, eu odeio essa porra de música, mas suas letras são muito legais.”

Inspiração em Soundgarden

As bandas de Seatle acabaram tendo influência na sonoridade do Metallica. Uma das bandas que serviram de inspiração na hora de escrever foi o Soundgarden. No primeiro single do álbum, “Until It Sleeps”, foi utlizada a mesma fórmula de compasso que “Fell on Black Days”, canção da banda de Chris Cornell. O nome da música em sua versão demo era “F.O.B.D.”

Em entrevista a So What, Lars ulrich comentou:

“O Superunknown do Soundgarden que era como o grande álbum da época. Estava tocando constantemente na sala de controle”, disse. “Havia uma espécie de linearidade em alguns daquelas músicas do Soundgarden que achamos realmente incomuns. Então, estávamos meio inspirados, eu não estava muito ciente da coisa de Chris Isaak, mas eu me lembro muito claramente da coisa linear “Fell on Black Days” que estava acontecendo”, acrescentou.

“Until It Sleeps” foi o primeiro single de “Load”.

Veneno do Metallica diluído

James Hetfield acredita que um dos pontos fracos de “Load” e “Reload” é quantidade de músicas. Ele disse isso em uma entrevista à Metal Hammer em 2009 (via TMDQA):

“Há algumas ótimas, ótimas músicas lá mas a minha opinião é que toda a imagem e essas coisas do tipo não era necessária. E a quantidade de músicas que foi escrita era… Isso diluiu a potência do veneno do Metallica”.

Ele comentou sobre o assunto em uma outra entrevista à revista Guitar World em 2012:

“No início, só tínhamos que escrever entre oito e 10 músicas por disco, então, se um riff não fosse bom, simplesmente o jogávamos fora. Mas isso começou a mudar quando estávamos escrevendo ‘Load e Reload’. Se um riff não estivesse funcionando, em vez de jogá-lo fora, nós o exploraríamos e tentaríamos levar o mais longe que pudéssemos para ver se havia algo lá”.

O vocalista e guitarrista do Metallica admite que aprendeu uma lição: “No Load e no ReLoad, aprendi que quando você escreve muitas músicas, seu foco fica aquoso; fica diluído. Eu odeio essa parte de nós. Nós sabemos como pegar uma música boa e torná-la boa. Então, com Load e ReLoad, o que aprendi é que não consigo distribuir por mais de 40 músicas. Eu simplesmente não posso. Eu prefiro ter oito músicas poderosas do que 14 músicas mais ou menos”.

Um dos três solos favoritos de Kirk Hammett está em “Load”

A revista Metal Hammer pediu a Kirk Hammett que listasse os seus três solos preferidos do Metallica e um dos escolhidos pelo guitarrista foi o de “Hero of The Day”.

Ele explicou a escolha: “Do jeito que vai do menor ao maior, começa com uma coisa rítmica e então leva a próxima parte para o próximo nível (…) Muitas pessoas discordariam, e não sei por quê, mas para mim, é uma das coisas que mais gosto de fazer”.

“Hero of The Day” foi um dos singles de “Load”

A capa polêmica de “Load”

A capa de “Load” usa uma imagem chamada “Sêmen e Sangue III” do fotografo Andrés Serrano. A foto apresenta a mistura de sêmen do próprio artista com sangue bovino entre duas folhas de acrílico. Quem o uso dessa imagem foi o guitarrista Kirk Hammett (via Rolling Stone): “Quando vi a foto pela primeira vez, pensei que se pareciam com chamas de hot rod, porque tenho uma tatuagem de chama de hot rod”.

O guitarrista comenta o que lhe chamou a atenção: “A razão pela qual achei que era uma capa de álbum forte é que é uma bela foto. Foi a forma, não o conteúdo”.

O próprio artista chegou a comentar a escolha: “Estou sempre tentando expandir meu público, e é ótimo quando uma banda como o Metallica vem até mim”, disse Serrano.

James Hetfield comentou anos depois em entrevista a Classic Rock: “Eu amo arte, mas não para chocar os outros. Eu acho que a capa do Load foi apenas um mijo em torno de tudo isso”.

25 anos de Load do Metallica
Load – Capa

Fotos com Anton Corbijn

As fotos do encarte e de promoção do disco foram clicadas por Anton Corbijn, que fotografou o U2 no disco “Achtung Baby” (1991). O conceito visual de “Load” seguiu o mesmo caminho do álbum da banda irlandesa. Lars Ulrich comentou na entrevista a So What:

“Naquela época no rock, Anton era o cara número um. Quer dizer, ele também fotografou o Bon Jovi. Obviamente, ele era o grande cara do Depeche Mode e você sabe, então não era como se trouxermos Anton para que possamos tirar algumas fotos malucas. Estávamos procurando um novo olho. Uma nova perspectiva. E então ele nos pegou em um momento em que estávamos meio que prontos para algumas coisas diferentes”.

25 anos de Load do Metallica
Foto: Metallica/reprodução

Músicas de “Load” nos set lists

Durante a turnê que seguiu o lançamento de “Load” e nos anos posteriores, o Metallica tocou várias músicas do álbum em seus shows. “Ain’t My Bitch”, “Hero of the Day”, “King Nothing” e “Until It Sleeps”, por exemplo, aparecem em “Cunning Stunts”, show registrado na turnê de promoção do disco. “S&M”, álbum com a Orquestra de São Francisco também traz canções de “Load”. Contudo, de 2003 em diante ele praticamente desapareceu do set list.

Lars Ulrich deu uma explicação na entrevista a So what: “Não tenho certeza se há uma razão cósmica. Certamente não me lembro de haver uma razão particular — onde você disse “nunca mais!”

Ele depois acrescentou: “Eu acho que obviamente o resto daquela década meio que se desenrolou com, você sabe, todas as capas e todas as sinfonias e tudo o mais. No momento em que a coisa do St. Anger começou, porque tínhamos ignorado uma porção tão significativa dos primeiros álbuns até os anos 90, nós nos aprofundamos nos primeiros álbuns novamente e nos “No Remorse” e todo esse tipo de coisa. Parecia que muitas das coisas do Load e Reload foram deixadas de lado porque tocamos muito daquelas coisas até o final dos anos 90 e era hora de, de uma forma estranha, abraçar os primeiros discos novamente depois de ignorá-los por tanto tempo”.

Uma das raras apresentações da música “Bleeding Me”

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