Nesta semana que passou, o ex-vocalista e guitarrista do Silverchair, Daniel Johns, divulgou que vai lançar um novo álbum no dia 1º de abril de 2022. O trabalho que se chama “FutureNever”, será o nono da carreira do músico e seu segundo registro solo. Em uma carta aberta aos fãs, o cantor disse que se reconciliou com o seu legado e que o álbum será uma mistura entre passado, presente e futuro.
Obviamente, a menção ao passado foi suficiente para despertar a alegria dos fãs que torceram o nariz para trabalhos mais recentes do músico australiano (o disco “Talk”, de 2015 e o projeto “Dreams”, de 2018) e anseiam por ouvi-lo cantando e tocando músicas mais próximas das suas empreitadas com o Silverchair.
Apesar de não revelar detalhes do álbum, e afirmar que não irá lançar singles, Daniel Johns tem postado diversos “easter eggs” em suas redes sociais para gerar curiosidade e aumentar a expectativa. O primeiro deles foi uma imagem que vai estampar a contracapa do novo trabalho e traz referências diretas aos discos “Frongstomp” (1995) e “Diorama” (2002). Depois, ele publicou uma imagem que faz menção ao clipe da música “Freak”, acompanhada do texto “All Freaks”, possivelmente o título de uma música nova. Posteriormente, ele fez uma nova publicação flertando com a iconografia do álbum “Neon Ballroom” (1999).

Outro ponto que chama atenção é que a tipografia utilizada para a logo do álbum (a mesma do posdcast “Who is Daniel Johns?”) é uma variação muito próxima daquela utilizada nas artes gráficas do “Frogstomp”. Além disso, os fãs que comprarem “FutureNever” na pré-venda vão receber uma nova versão de “After All These Years”, música que encerra “Diorama”, o quarto álbum do Silverchair.
Daniel Johns está de volta ao rock?
O Silverchiar surgiu em meio à cena grunge da década de 90 e se caracterizou, em seus primeiros anos, por fazer um som pesado, guiado por riffs de guitarra marcantes. Entretanto, isso começou a mudar em “Neon Ballroom”, se acentuou em “Diorama” e nos trabalhos seguintes de Daniel Johns, incluindo aí o projeto The Dissociatives, e os registros disponibilizados pelo músico após o fim da banda.
O rock pesado já não faz parte das inspirações de Daniel Johns há quase 20 anos. Sendo assim, embora esteja aberto a abraçar o seu passado, parece improvável que vamos ouvir algo próximo dos três primeiros discos do Silverchair. O músico disse em algumas entrevistas, nos anos mais recentes, que a simples ideia de tocar as músicas da banda o fazia lembrar de períodos da sua vida que ele queria esquecer e isso é muito forte.

Tudo leva a crer que as tais referências são apenas um exercício artístico e terapêutico que o músico encontrou para estar em paz com o seu passado. Em um dos textos que acompanham as artes gráficas de “FutureNever”, publicadas nas redes sociais, Daniel é bastante claro a esse respeito, ao relembrar a sua luta contra a depressão e dizer que “o sapo na máquina de lavar representa o ciclo de pensamento enquanto você processa os demônios (ou sapos) do seu passado.”
De toda forma, tais referências aquecem o coração dos fãs e sugerem que, pelo menos, vamos ouvir um Daniel Johns mais próximo, talvez, do “Young Modern” (2007), que embora não esteja entre os seu melhores, ao menos é inventivo e têm o seu DNA de compositor. Convenhamos, depois do bizarro disco do DREAMS, isso já está de bom tamanho.