A vocalista do Paramore, Hayley Williams, participou de um bate-papo com Rhian Teasdale e Hester Chambers, do Wet Leg, no podcast Face to Face, do Spotify, no qual falaram sobre comentários machistas comumente direcionados às mulheres do mundo da música, especialmente do rock. Hayley revelou que evita tocar guitarra nos shows da banda para não ouvir comentários desagradáveis.
Quem iniciou o assunto, conforme conta o Consequence of Sounds, foi Rhian Teasdale, que relata a experiência de ter a sua capacidade de tocar guitarra subestimada. “Acho que para nós uma das coisas mais difíceis ou irritantes sobre ser mulher são provavelmente apenas comentários estúpidos na internet”, disse Teasdale.
“Tipo, ‘Oh, ela está segurando aquela guitarra, mas na verdade não está tocando’. Quando, por exemplo, eu simplesmente não estou usando minha guitarra, mas preciso tocá-la no refrão ou algo assim, sempre haverá um comentário como, ‘Garotas não deveriam tocar guitarra, mulheres não deveriam tocar guitarra’, e é apenas – é tão antigo, mas ainda está lá! E eu odeio tanto isso e é tão frustrante“, acrescentou a cantora e guitarrista do Wet Leg.
Hayley Williams aproveitou para compartilhar a sua própria experiência de como o sexismo a inibe nos palcos. “Conheço essas pessoas tão bem e nem toco guitarra no palco. Nem me atrevo, porque adoro tocar violão, mas não sei se aguentaria – cara. Eu sinto você com tanta força”, disse.
Ela continuou e demonstrou sua indignação: “Eu simplesmente odeio que as pessoas precisem apontar isso. Eu realmente não penso no meu gênero, especialmente quando tocamos música. Simplesmente não faz parte da imagem. Estou tentando me inclinar para a feminilidade e fortalecer mais essa parte de mim nesta era da minha carreira, mas você já subiu no palco e se sentiu ‘outro’? Você se sente como essa coisa alienígena que é poderosa e bonita?”
Machismo também inibe Hayley Williams no estúdio
Não é apenas nos palcos que Hayley Williams sente-se tolhida como instrumentista. Ela relata a experiência que vivenciou ao gravar sozinha seu segundo disco solo, “Flowers for Vases / Descansos”, de 2021.
“Tinha um amigo que o projetou para mim, toquei todas aquelas coisas e me senti tão livre para fazê-lo porque ninguém estava olhando. Eu estava em casa e me senti muito criativo e pensei, ‘Oh, merda, estou acertando agora.’ Mas se houvesse mais alguém na sala – talvez meus colegas de banda estivessem bem – mas se houvesse mais alguém na sala, eu teria pensado muito sobre isso e não teria sido capaz de escrever essas partes e certamente não executá-las, por causa disso que você está dizendo. Assim que você percebe que alguém está percebendo você, e alguém provavelmente vai dizer alguma merda só porque adora ouvir a própria voz, isso meio que me assusta de volta.”
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