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Review: Weezer entrega experimento bem-sucedido

Crush Music / Atlantic Recording Corporation (2021) - Nota (1 a 5): 4,5
Weezer lança novo álbum no dia 29 de janeiro
Foto: Weezer – Ok Human – Capa/reprodução

O Weezer está em uma fase bastante produtiva nos últimos anos. “Ok Human” é o sexto disco em sete anos e a banda já tem engatilhado para maio o álbum “Van Weezer”. Rivers Cuomo tem se dado ao luxo de experimentações diversas: um disco de covers que parece mais um meme (Teal Album, 2019), um disco descaradamente pop (Black Album, 2019) e agora um disco gravado sem guitarra elétrica, usando apenas instrumentos analógicos e orquestra; o próximo registro, por sua vez, será um disco de hair metal, com muitas guitarras, claro.

É aquela coisa: experimentos são riscos, você pode acertar ou não. E o Weezer acerta com “Ok Human”. Pode-se dizer que é o disco mais ousado da carreira da banda, mas é, ao mesmo tempo, uma ousadia que cabe dentro do universo indie da banda. Está totalmente associado a essência nerd rock. As músicas têm o DNA do velho Weezer, isso fica claro já na primeira audição, mas estão embaladas em uma roupagem indie pop bastante refinada e sofisticada que lembra o melhor dos anos 50 e 60. Despojadas da tensão natural das guitarras elétricas, as canções parecem ser as melhores composições de Rivers em muitos anos. Podem até não ser, mas passam essa sensação.

“Ok Human” foi escrito antes de “Van Weezer” (que teve o seu lançamento anunciado ainda em 2019). No entanto, a banda fechou uma mega turnê com o Green Day e o Fall Out Boy e sentiu que precisaria de algo com mais, digamos, sustância, daí surgiu o disco de hair metal e “Ok Human” foi para a gaveta, então, mas aí veio a pandemia e as posições inverteram: engaveta “Van Weezer” e finaliza “Ok Human”. A produção foi concebida sob a seguinte lógica: enquanto as pessoas se voltam para o digital em meio a pandemia, vamos resgatar o analógico nas músicas.  “Agora o mundo real está morrendo enquanto todos se movem para a nuvem”, canta Rivers.

As canções, obviamente, passam a sensação de que foram escritas para o som estridente das guitarras, mas foram adaptadas no processo de gravação. Em alguns momentos a orquestra executa partes e riffs que naturalmente seriam do instrumento de 6 cordas. Isso fica nítido em “Aloo Gobi”, “Grapes Of Wrath”, “Screens” e “Mirror Image”. Essa última lembra o Weezer de “Pinkerton” (1996), por exemplo.

A ironia lírica típica de Rivers Cuomo está presente ao longo de todo o disco, mas, talvez, pela própria proposta ser um registro aconchegante e intimista, o vocalista se permitiu ser mais sentimental e emotivo. O resultado é muito positivo. É algo que combina com os arranjos floridos de cordas que emulam Beatles e Beach Boys aqui e ali. As letras falam de situações cotidianas que se tornaram comuns durante a pandemia, mas também falam rotinas da vida em mundo normal, essas, especificamente, permitem um contraponto que traz reflexões sobre o mundo que devemos construir pós-pandemia.

Desagradar os fãs é uma tarefa que o Weezer faz desde o terceiro álbum, pelo menos, e não vai ser diferente com esse 14º. O bom é que daqui 4 meses temos mais uma disco do Weezer na praça. Mais um experimento.

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