fbpx
Notícias Reviews

Ego Kill Talent: “The Dance Between Extremes” consolida a identidade sonora da banda

BMG Brasil (2021) - Nota (1 a 5): 5
"The Dance Between Extremes" consolida a identidade sonora do Ego Kill Talent
Foto: Ego Kill Talent – The Dance Between Extremes – Capa/reprodução

O Ego Kill Talent surgiu em 2015 formado por nomes que já eram conhecidos no rock brasileiro. O baterista e guitarrista Jean Dolabella tocou com o Sepultura cerca de 5 anos e o vocalista Jonathan Dorr liderou por mais de uma década a banda Reação em Cadeia. Os demais músicos também já eram conhecidos por outras bandas de menor expressão. O que, aparentemente, era para ser apenas um projeto, consolidou-se como uma banda que conquistou inúmeras oportunidades com o seu primeiro disco homônimo de 2017, incluindo participações em grandes festivais, turnês internacionais, shows com System Of a Down, Foo Fighters e Queens of The Stone Age. E com esse segundo álbum, “The Dance Between Extremes”, as coisas sobem para outro patamar.

Leia também:

Review: Weezer entrega experimento bem-sucedido
Foo Fighters lança disco completamente esquecível

Comecemos pela parte, digamos, estrutural:  a banda assinou com a BMG e foi para os Estados Unidos gravar no 606 Studio de propriedade de Dave Grohl. Foram produzidos por Steve Evetts, que já trabalhou com nomes como New Found Glory, The Used, Sick of It All, The Cure, Sepultura e Symphony X.  O disco foi gravado em 2019 e tinha lançamento previsto para 2020, mas é aquela história que todo mundo já sabe: o lançamento, assim como os de vários outros artistas, foi repensado. A banda tinha uma turnê mundial programada para começar na sequência, que foi adiada. O grupo decidiu, então, lançar o disco em 3 partes, assim como fizeram com registro de estreia.   

Se o primeiro álbum mostrou que a banda tinha competência técnica, sonoridade e propósito bem-definidos, em “The Dance Between Extremes”, o Ego Kill Talent consolida a sua identidade musical e abre novos caminhos. O disco traz um refinamento à proposta modern rock apresentada em 2017 e soa como uma continuidade, só que com um tempero a mais e, é claro, uma superprodução, que não difere daquelas de grandes ícones do rock internacional.

Ao longo das 12 canções, a banda apresenta influências diversas como grunge, metal, stoner, new metal e hard rock. As canções são recheadas de elementos de música alternativa que se misturam com riffs pesados e encadeamentos mais suaves como em “Silence”, “Our Song” e “The Reason”. Os arranjos das novas composições oferecem maior dimensão a sonoridade do grupo. É possível ouvir ecos de anos 80 como na guitarra de “NOW!”, que em algumas partes lembra The Edge (U2), e na estrutura das frases de boa parte das canções que remetem a métricas típicas daquela década.

As letras são um dos destaques do álbum. Os significados são construidos por meio de histórias e personagens criados pelo vocalista. Jonathan canta sobre a urgência de se libertar da ilusão, da mentira e viver o tempo presente. “Como é que nunca vemos a beleza do agora”, “Oh por que? Nós poderíamos voar, mas ficamos no chão”, dizem os versos de “NOW!”, a faixa que abre o disco. O anseio por liberdade continua na música seguinte “The Call”, mas, desta vez, aparece em forma de convocação “Oh! Acorde agora!”

Na faixa seguinte, “Lifeporn”, ele é mais explícito ao dizer do que é necessário se libertar: “Assim que você nasce, eles te dão um nome, eles ensinam você a se culpar”, “você sabe que se apaga para viver através dos olhos de qualquer outra pessoa”.

Leia também:

Compositor Fantasma canta sobre o zeitgeist do Brasil atual
Smashing Pumpkins: pegada oitentista marca o novo disco da banda

Seguindo a sequência de abertura do álbum, não é surpresa então que a quarta faixa se chame “Deliverance” (libertação). A personagem de Jonathan parece enfim encontrar a luz no fim do túnel. A letra retrata alguém que olha para trás e enxerga a miséria em que vivia e sente alívio pela liberdade conquistada. “Ei vida, eu sobrevivi a você enquanto eu assistia meu próprio desastre, ei vida, eu estava te culpando, desafiando todas as segundas chances”.

A busca pela superação e libertação ainda aparece em “In Your Dreams Tonight“, que fala sobre dor e trauma (“Liberte sua mente, acredite em mim, está tudo bem, você é a luz atrás de seus olhos“) e em “Starving Drones (a Dinner Talk)”, cuja relação entre pai e filho parece ser o tema central. O verso “você invalida meus sentimentos e está sempre tentando calar minha voz”, por exemplo, parece falar sobre o sentimento castração. “Você me deixou sozinho, com seus fantasmas filhos da puta”, diz a canção mais adiante.

As letras românticas aparecem em “Silence”, que ilustra o fim lento de um relacionamento (“É difícil pensar que estou perdendo você com você por perto”). “Our Song” fala sobre intimidade e cumplicidade (“Eu vi o seu pior e tudo que eu quero fazer é prosseguir”), enquanto “Diamonds and Landmines” fala sobre projeção, expectativa, controle, dependência e decepção (“Eu não estava pensando em você, quando eu decidi como você deveria ser”) e  “The Reason” apresenta um personagem que constata o fim do relacionamento, mas procura razões para a continuidade (“então tudo o que eu quero é você e eu sinto ainda mais aqui é a razão de continuarmos”).

Resumo da obra: “The Dance Between Extremes” apresenta uma banda entrosada – jogando para ganhar -, uma coleção de ótimas músicas e sonoridade coesa. O Ego Kill Talent sabe para onde quer ir. Para o topo.

Ouça “The Dance Between Extremes” no player abaixo:

5 comentários

Deixe uma resposta