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Foo Fighters lança disco completamente esquecível

Roswell Records (2021) - Nota (1 a 5): 2
Vocais do novo álbum do Foo Fighters foram gravados no banheiro, afirma Dave Grohl
Foto: Foo Fighters/capa/reprodução

O Foo Fighters sempre foi uma banda de singles, bons singles por sinal, mas os álbuns no geral sempre deixaram a desejar. O Dave Grohl era muito mais legal quando era apenas o ex-baterista do Nirvana. Não por acaso, os três primeiros discos do Foo Fighters são os melhores. Por volta de 2002, mais ou menos, alguém chegou para ele e disse: “Hey, Dave, você é o cara mais legal do rock” e aí ele deixou de ser “o cara mais legal do rock” para ser “o cara que sabe que é o cara mais legal do rock”. E dá-lhe discos mais pretensiosos que bons. Dave chegou a dizer na época do lançamento do duplo “In Your Honor” (2005) que aquele seria “o disco” do Foo Fighters. Baita disco chato, ninguém lembra de 90% das músicas. Depois veio com aquele negócio de disco gravado na garagem, “Wasting Light” (2011), que no fim das contas ninguém percebe a diferença. Teve aquele disco em que cada música foi gravada num estúdio diferente e soou como o Foo Fighters padrão de sempre (“Sonic Highways”, 2014). “Concrete and Gold” (2017) não mudou em nada essa percepção. Ficou a sensação que faltou um produtor que chagasse e desse uma podada: “olha, Dave, você é o cara mais legal do rock, todo mundo sabe, era amigo do Lemmy e vai no show do Metallica na pista, mas você quer mesmo gravar essa música aí? Vamos tentar fazer mais uma, uma que as pessoas vão lembrar daqui dois meses”.

Pois bem, chegamos ao 10º disco do Foo Fighters, “Medicine At Midnight”, que era para ter sido lançado em 2020, mas foi adiado por causa da pandemia e chegou só agora em fevereiro de 2021. Percebe-se que houve uma mudança, já que o disco tem apenas 9 músicas. Aparentemente é mais enxuto. Aparentemente Dave Grohl foi mais criterioso na hora de escolher o repertório. Só que não. O que ele fez foi cortar os grandes hits e lançar só as músicas medianas e/ou ruins. E o vocalista, para variar, enalteceu o álbum, tentou dourou a pílula antes do lançamento. Alugaram uma casa velha assombrada, a casa ficava na vizinhança de Dave, cada instrumento foi gravado em um cômodo diferente, os vocais foram gravados no banheiro ao lado da privada. Ele diz isso como se o processo de gravação ou o ambiente em que foi gravado disco necessariamente fizesse com que ele fosse melhor, como se tivesse algo de mítico. Não tem.

Uma outra coisa que Dave Grohl disse: que seria um disco dançante. Após ouvir as 9 faixas é possível entender o que ele quer dizer com isso: as músicas foram escritas, digamos, como canções normais da banda (verso melódico, refrão berrado etc.) e só depois esse direcionamento foi definido. Então, na pré-produção, as músicas receberam uma maquiagem para terem um ar mais dançante. Pelo menos essa é a sensação que fica, as músicas possuem arranjos que tentam dar groove, baralhos aqui e ali, coros etc. A exceção fica por conta da faixa título que lembra David Bowie, tem de fato o DNA dançante, mas não empolga e fica muito distante dos grandes hits da banda.

As duas primeiras músicas começam com batidas quase idênticas, a primeira não parece ser muito diferente de tudo o que a banda já fez, você ouve e fica com sensação de que eles já gravaram essa música. A segunda, “Shame, Shame”, foi lançada como o primeiro single e é mais diferentona, chega a ser agradável, mas é só. Não tem nada emblemático ali. “Waiting On a War” é uma balada melosa que começa no violão e só não é mais chata que “Photograph” do Nickelback porque tem um final explosivo que quebra a expectativa. “No Son of a Mine” é uma música realmente boa, rápida, pesada, arranjo bacana, lembra Motorhead, mas também é algo que a banda já fez. Com “Holding Poison” é a mesma coisa, parece uma música que já foi lançada em algum dos outros discos. “Chasing Birds” não acrescenta nada. É uma balada, como várias outras que a banda já fez, sem emoção. A última música, “Loves Die Young”, começa bem, levada e melodia animadas, mas o refrão estraga tudo.

Quando digo que “Medicine At Midnight” faltam grandes hits, me deixem explicar melhor: ouçam o disco e tentem imaginar um show da banda e pensar, por exemplo, qual música desse novo lançamento não poderia faltar. É difícil. Ele não traz nada do calibre de “Everlong”, “My Hero”, “Breakout”, “Times Like These”, “The Best of You”, “Walk”, “Something from Nothing” ou “Sky is a Neighborhood”. Faltaram os grandes hits do Foo Fighters dessa vez.

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