
O “Black Album” do Metallica é um dos álbuns de rock mais vendidos da história. Nos Estados Unidos, ele é o mais vendido desde que a Nielsen SoundScan começou a medir a vendagem de discos em 1991, mesmo ano de lançamento do trabalho da banda de James Hetfield e cia que agora completa 30 anos.
Sendo assim, era meio obvio que a banda não deixaria a data comemorativa passar em branco. Por isso, além do já usual relançamento em box set com versões remasterizadas, demos, remixes e vários outros itens, conforme já havia sido feito com os discos anteriores, o Metallica resolveu organizar o seu própria tributo e o resultado é “The Metallica Blacklist”, que reúne nada menos que 53 versões das músicas do “Black Album” e a participação de mais de 60 artistas de diferentes estilos e países.
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O mote, como a própria banda disse nos materiais de divulgação, é mostra a relevância cultural e o grau de influência do seu disco mais vendido. Fato: o “Black Album” não extrapolou apenas o cercadinho do heavy metal, ele foi além dos limites do rock e tornou-se referência para pessoas de diferentes estilos. Talvez por sua força, pelas boas composições, pela esmerada produção de Bob Rock e pelos temas universais cantados por James Hetfield.
No entanto, “The Metallica Blacklist” deixa muito claro que o objetivo do Metallica é ampliar o seu público e atingir as novas gerações. É uma estratégica de marketing para lidar com a nova realidade da comunicação: se antes estar apenas nas rádios e na MTV era o suficiente para o sucesso de um empreendimento, a coisa não funciona mais assim. O público nas plataformas está pulverizado, cada um em seu cercadinho criado pelos algoritmos. É uma estratégia para fazer as comemorações de 30 anos do “Black Album” chegar ao grande público, assim como em 1991.
Do ponto de vista estratégico, o disco pode até funcionar, mas olhando pelo lado artístico, o resultado é regular. Primeiro pelo excesso: seis versões de “Enter Sandman”, sete “Sad But True”, onze de “Nothing Else Matters” e por aí vai. A experiência de audição é cansativa, o ouvinte se perde no meio do caminho.
O segundo problema é obviamente a curadoria: “The Metallica Blacklist” é composto em sua maior parte por artistas novos, com uma identidade sonora ainda por consolidar e isso tira um pouco do brilho que o projeto poderia ter. É interessante quando você ouve, por exemplo, as versões de Weezer, Ghost, St. Vincent, Volbeat, Phoebe Bridgers e Corey Taylor, pois consegue perceber a identidade desses artistas dentro dos limites das composições do Metallica.
Contudo, o mesmo não acontece quando você ouve as versões de Mickey Guyton, Flatbush, Moses Sumney, José Madero, J Balvin, Tomi Owó, Idles, Cherry Glazerr e vários outros, que soam extremamente genéricos e em alguns casos mutilam as composições do Metallica, tornando-as irreconhecíveis.