O cantor e compositor Lobão foi um dos artistas que apoiaram abertamente a candidatura do presidente Jair Bolsonaro em 2018, mas agora, quase três anos depois, a opinião dele é bastante diferente. O músico é favorável ao impeachment do mandatário e explica o porquê em recente entrevista à BBC News: “para mim, o que Bolsonaro está fazendo supera muito em gravidade o que os outros dois fizeram.”
As opiniões de Lobão voltaram a ganhar manchetes nos principais sites de notícias depois que ele concedeu uma nova entrevista à BBC News em que comentou as manifestações ocorridas no último sábado (03) por todo o Brasil.
“Chegou uma hora em que a gente precisa tirar esse cara. Ele tem que sair de qualquer jeito”, disse o músico. De acordo com o Lobão, o atual presidente “não fez nada de bom desde que entrou”.
Ele dispara em seguida: “o simples fato de esse cara andar na rua sem máscara, tirando máscara de criança, já é motivo (para impeachment). Ele é o presidente da República de um país com 500 mil mortos na pandemia, e ele dá esse exemplo todos os dias na televisão. Isso já é criminoso por si só, é genocida por si só.”
Para Lobão, o governo vem cometendo erros desde o seu início: “desde a primeira semana eles estão pisando na bola, falando em golpe de Estado, fazendo coisas absurdas todo dia, toda hora. É um abuso de poder”, diz.
“Para mim, o que Bolsonaro está fazendo supera em muito em gravidade o que os outros dois fizeram. Há uma coleção de crimes. O último é essa denúncia de superfaturamento de vacina”, afirmou.

Lobão justifica seu apoio em 2018
É notório que Lobão é uma das militâncias de direita mais estridentes do país, no meio artístico. É notório também que ele apoiou abertamente a candidatura de Jair Bolsonaro. Ele justificou sua posição na entrevista:
“O Brasil queria se ver livre do PT, não tinha mais alternância de poder. Ele se aliou com o que há de pior na política, inúmeros casos de corrupção. Ele foi corresponsável pelo chavismo na Venezuela, e iria dar um golpe.”, disse.
E acrescentou: “A gente sabia que o Bolsonaro era o que ele é. Mas achava que uma facção liberal e o Exército, que tinha um prestígio de 30 anos depois da ditadura e pessoas esclarecidas, poderiam segurar o cara. Mas não deu.”
Lobão rompe com Roger do Ultra a Rigor
Lobão sempre foi amigo de Roger Rocha Moreira, líder do Ultraje a Rigor, outra figura notória da direita brasileira, mas que ainda mantém seu apoio a Jair Bolsonaro. Lobão, por exemplo, participou do clássico “Nós Vamos Invadir a Sua Praia”, de 1985. Os dois chegaram a lançar o single “O Bobo”, em 2017, que ironiza a esquerda brasileira. Mais recentemente, Roger participou do disco “Antologia Politicamente Incorreta dos Anos 80 pelo Rock”, lançado por Lobão em 2018 com covers de vários clássicos do pop rock brazuca.

No entanto, a amizade de tantos anos não existe mais. “Não falo mais com quem continua com Bolsonaro. Roger era um parceiro de 40 anos. Mas dei um block nele”, admitiu Lobão.
O cantor foi enfático: “quem é Bolsonaro hoje em dia tem uma questão de higiene moral, não consigo nem falar. Não tenho o menor tipo de aproximação. Você não precisa ser um gênio para perceber o que está acontecendo no Brasil. É um acinte, um estupro, uma violência. Bolsonaro não fez nada de bom, tudo o que ele toca vira merda, é uma virtuose na merda”, diz.
Roger usou a sua conta no Twitter para responder o agora ex-amigo. “Na verdade, eu não rompi nada, Lobão apenas, covardemente, me bloqueou. Não responde quando lhe escrevo via WhatsApp. Sempre foi bipolar e acho que é borderline também.”, disse no primeiro tweet sobre o assunto.
“É um oportunista que ora defende a MPB, ora a ataca e assim o faz com tudo. Ignora aspectos muito maiores em troca de visibilidade. É um babaca e um maníaco por atenção.”, tweetou na sequência.
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